sábado, 10 de novembro de 2012

Vila do Conde, talvez


Francisco Laranjo

(para o Paulo que me deu o mote e outras coisas)

Eu hoje estou com Hayden e sem lareira

                                                       Parece-me um bom começo para qualquer coisa. Ou um final. Como gosto dos textos: curtos e de portas abertas ao vento. Contrariando sistematicamente a velocidez deste tempo que teima em correr como se soubesse para onde. Eu ando de liteira, agora que se lembraram que afinal Camilo existe, embora não dissesse que não a um Chevrolet
Talvez encontrasse Llansol pelo caminho até Sintra e então os rabiscos deste caderno teriam um qualquer sentido. Os desenhos que não sei fazer nasceriam com certeza da caneta com a naturalidade de uma tisana sobre a chávena.
                                                                                                                      É tudo apenas uma questão de perspectiva. Representação outonal, atonal.
                                                                                                    (já não como chocolates, só porque o fígado não deixa) mas arranjarei uma secretária, em madeira bem maciça, para me ocupar o centro da vida. Ou da sala, se preferirem.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Anúncio


O Sacrifício de Isaac, Caravaggio


procura-se
um deus desempregado 
um profeta  
um salvador de almas
alguém que veja mais longe do que
as águias
ou seja mais veloz do que
a luz
um deus que reinstaure a tragédia
que lhe dê supremacia
face ao império da realidade
que seja capaz de castigar
e amedronte o género humano.

paga-se em sacrifícios carnais
e a pronto em horário normal
de expediente.