Foto de Andrzej Krynicki
foi a treze de agosto
que me cruzei com Lorca
à saída de Granada
foi a treze de agosto
que o céu de chumbo
caiu sobre o Alentejo
foi a treze de agosto
que todas as aves negras
sobrevoaram as planícies de girassóis
e a cidade de granito
ruiu sobre os sonhos das crianças
foi no terrível dia treze de agosto.
foi a treze de agosto
que todos os comboios
descarrilaram sobre as pontes
foi a treze de agosto
que o silêncio se travestiu
de trovoadas debaixo dos meus pés
foi a treze de agosto
que as palavras de dois gumes
me esventraram as costas
foi a treze de agosto
que o curso das águas
se desviou da direcção do mar
e as confissões dispersas
perderam o rumo