39 anos para colocar na prateleira
um cravo chamado abril com os sonhos que albergava de que restam alguns
defensores com a memória tatuada de canções que resistem à onda de ignorância paulatinamente
instalada nos corredores dos passos perdidos. 39 anos para enterrar no túnel da
história minúscula uma metáfora que corria de boca em boca e ainda assim se
mantinha inédita como se dita sempre pela vez primeira. 39 anos para expulsar os
poetas da cidade e substituí-los minuciosamente por amanuenses bem comportados.
quantos anos mais para delapidar
a gente que constrói as obras públicas para deixar os mortos por enterrar e os
vivos abandonados ao esquecimento?