domingo, 28 de julho de 2013

au-delá des nuages

 
 
 
gosto das manhãs de domingo vazias, apenas vizinha das mulheres e homens mais velhos dos prédios envolventes que não sabem o que fazer da cama depois de acordarem com a luz do dia. é este mundo de silêncio e tabaco, de jornais e cafés, desconectado da aldeia-global-afinal-metrópole, a cheirar a bairro que me deixa tempo para abrir o moleskine-à-vila-matas e escrever como dantes, sem rumo nem história, ao sabor da pelikan que insite no seu atrito com a folha, como a pedra de cabral de melo neto. é oração que faço ritual de uma religião acabadinha de inventar.
não quero fazer de conta que estou muito à la page; não quero andar distraída com o joio dominante.
 
voltarei a usar relógio de ponteiros.
 
quem vier que abra outras portas.





segunda-feira, 8 de julho de 2013

viajando

 
(da net)
 
 
fiz as malas e parti.
 
lá dentro vão os olhos que sorriram e choraram, vão palavras, umas gastas outras virgens, vão fotografias e filmes, músicas e pinturas. vão botões, dedais, flores, postais, jasmim, patchouli, uma guitarra por tocar, pedaços de paris e de veneza, um recanto da ponte vechio, um canal de amesterdão, uma fachada rosa debruçada sobre o rhône, um isqueiro da córsega e um cinzeiro do alentejo. o mel é da provença. o azeite e o vinho são do douro. as couves são galegas os barcos de finisterra.
e levo a vitória de samotrácia ao contrário de marinetti e com o assentimento de campos num chevrolet pela estrada de sintra até à casa de llansol ____________________________
 
porto.