domingo, 26 de maio de 2013

cantiga de amor


basta-me fechar os olhos
para sentir o desenho
do teu rosto sob a polpa
dos meus dedos
cegos de esperança

é sossegado este desejo
de amor subversivo escondido
numa folha amarrotada
é mudo o verbo
que declino e no entanto
ouves o sussurro
algures neste mundo

amar-te assim intransitiva
mente chega a ser o sonho
pueril de um rio que
transborda do seu leito
desassossegadamente.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

elogio da fealdade

 
não aguento o peso da
perfeição que carrego
na memória
 
erguei um altar em nome
da fealdade
 
não suporto a nitidez deste
tempo suave
a três dimensões
 
acendei uma vela no mastro
das naus afundadas
 
não quero a juventude
eterna comprada
em ginásios da moda
 
preparai um esquife virado
a norte ao som de uma morna
 
:é guloso este prazer
da imperfeição